Informativo dos alunos do curso de Letras da FIP / UNIBR

"Tudo está na educação. O pêssego dantes era uma amêndoa amarga; a couve-flor não é mais do que uma couve que andou na universidade."

"Todo o homem recebe duas espécies de educação: a que lhe é dada pelos outros, e, muito mais importante, a que ele dá a si mesmo."

"Nem todos podem tirar um curso superior. Mas todos podem ter respeito, alta escala de valores e as qualidades de espírito que são a verdadeira riqueza de qualquer pessoa."

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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Relação educação e desenvolvimento.





Seja como for, a visão do desenvolvimento humano parte de alguns pressupostos teóricos e metodológicos bastante pertinentes, tais como...

a) É preciso distinguir acuradamente crescimento e desenvolvimento; enquanto o primeiro aponta para uma evolução tipicamente econômica, o segundo se volta para um olhar interdisciplinar, abrangendo todas as dimensões consideradas relevantes da sociedade.

b) Para sinalizar mais concretamente essa distinção, a ONU optou pela definição de desenvolvimento como oportunidade, traduzindo, desde logo, sua face política como a mais estratégica, em vez das infra-estruturais, que, obviamente, dentro do horizonte estratégico, continuam essenciais, mas de teor instrumental.

c) Esse enfoque valoriza naturalmente a educação como o fator mais próximo da gestação de oportunidade, seja no sentido de fazer oportunidade, seja no sentido ainda mais próprio de fazer-se oportunidade; ganha realce maior, imediatamente, a questão da cidadania.

d) O adjetivo humano dispensa todos os outros classicamente usados, a começar pelo econômico, e mesmo o sustentável; assim, uma visão tipicamente interdisciplinar e complexa se instalou, indicando que o crescimento econômico não é apenas parte integrante, mas, sobretudo, é parte tipicamente instrumental: não vai, nisso, qualquer intento de secundarizar o econômico, mas de colocá-lo no seu devido lugar.

e) Segue, daí, a proposta do ranking dos países em termos de desenvolvimento humano, tomando como indicadores básicos, em primeiro lugar, educação, porque é o fator mais próximo do conceito de oportunidade; em segundo lugar, expectativa de vida, porque oportunidade se correlaciona fortemente com quantidade e com a qualidade de vida; e, por fim, poder de compra, porque a satisfação das necessidades materiais é sempre componente central do desenvolvimento.

f) Do ponto de vista estratégico, a educação é o fator mais decisivo, mas nunca de modo setorial e isolado: assim, esta ideia implica que os fatores do desenvolvimento se hierarquizam e se concertam ao mesmo tempo.


g) Possivelmente, o resultado mais pertinente dessa postura categorial é a mensagem de que a pobreza política é mais comprometedora para as oportunidades de desenvolvimento do que a pobreza material; problema mais constrangedor é a ignorância, que inviabiliza a gestação de sujeitos capazes de história própria ao obstruir a cidadania individual e coletiva; mudanças provêm menos de um pobre que tem fome – o qual acaba facilmente se contentando com qualquer sorte de assistencialismo –, do que de um pobre que sabe pensar.

fonte:
DEMO, Pedro. Da relação educação e desenvolvimento. In:______. Educação e desenvolvimento. São Paulo: Papirus, 1999. p. 14-25.

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